Comércio e Economia



A coleta e comercialização (Figura 1) de Sempre-vivas em Diamantina-Minas Gerais iniciaram-se por volta de 1930. Desde o início, esta atividade esteve associada à subsistência dos moradores de pequenos distritos e povoados da região, que tinham no garimpo sua principal fonte de renda.

A utilização das Sempre-vivas com fins ornamentais é antiga, porém o aumento na sua comercialização e exportação ocorreu a partir dos anos 70 devido à diminuição de recursos econômicos como pedras preciosas e semipreciosas, que levou o extrativismo vegetal a se tornar a principal fonte de renda em muitas comunidades. 
    

Figura 1 - Comercialização de Sempre-Vivas.
Foto: Patrícia Carocci.

Algumas espécies de Sempre-vivas apresentam maior valor comercial, dependendo de sua raridade, escassez na natureza ou de sua beleza natural que acaba por atrair o consumidor final. Esse é o caso de espécies como “pé-de-ouro” (Comanthera elegans) (Figura 2), que se encontra ameaçada de extinção, e a “espeta-nariz” (Rhynchospora speciosa) (Figura 3) que segundo os comerciantes locais é muito apreciada pelos turistas.


Figura 2 - “Pé-de-ouro".
Foto: Patrícia Carocci.
Figura 3 - “Espeta-nariz”.
Foto: Patrícia Carocci.
















As colheitas de Sempre-vivas são geralmente feitas por pessoas da própria região. O material coletado costuma ser reunido em pequenos feixes para serem secos ao sol e posteriormente vendidos a intermediários, que fazem a ligação entre o coletor e o revendedor ou até mesmo com o exportador (Figura 4).

Figura 4 - Artesanato de Sempre-viva pronto para exportação, com etiqueta escrita em Inglês.
Foto: Patrícia Carocci.

Primeiramente é importante a realização uma secagem completa das plantas (Figura 5), classificação de acordo com o tipo e qualidade, montagem em ramalhetes, pesagem e embalagem; procedimentos estes necessários para a utilização comercial dessas espécies.

Figura 5 - Secagem de Sempre-vivas. 
Foto: Maíra Goulart.

As inflorescências são, em sua maioria, tingidas em cores diversas com o uso de corantes artificiais, principalmente anilina, com intuito de torná-las mais atraentes para o comprador (Figura 6).

Figura 6 - Buquês de Sempre-vivas em cor natural e tingidos.
Foto: Patrícia Carocci.

Além de pequenos buquês, também são comercializados na cidade diversos tipos de artesanato feitos com as flores. Muitas vezes a confecção do artesanato fica incumbida a uma pessoa da família, tendo em vista que a atividade é na maioria das vezes realizada por famílias inteiras de coletores e artesãos de Sempre-vivas (Figura 7).


Figura 7 - Preparação artesanato (porta-guardanapo). 
Foto: Maíra Goulart.

Um exemplo clássico dessa atividade familiar pode ser encontrado na comunidade de Galheiros, zona rural de Diamantina. A comunidade conta com uma associação de coletores e artesãos de Sempre-vivas, um total de 29 pessoas. A associação teve inicio em 1999 e foi a primeira comunidade a participar do projeto Sempre-Vivas, do Instituto Terra Brasilis.

O preço dos arranjos feitos pelos artesãos de Galheiros é estabelecido de acordo com o tamanho e o nível de dificuldade para confecção do mesmo. Os preços variam de 5,00 reais, para os menores e de mais fácil confecção, a 60,00 reais, para os maiores e mais trabalhosos.

Abaixo estão alguns exemplos de artesanatos feitos com as flores e comercializados na cidade de Diamantina pelos artesãos de Galheiros.


   Figura 8 - Anjinhos Sempre-vivas.
Foto: Patrícia Carocci.
                                                 

      
        Figura 9 - Artesanatos Sempre-vivas.
    Foto: Patrícia Carocci.
                    
                     Figura 10 - Guirlanda Sempre-vivas.
                    Foto: Patrícia Carocci.
                                        
Mas não são apenas as flores das Sempre-vivas que são aproveitadas e comercializadas.

Você já viu ou ouviu falar de artesanato ou bijuterias feitas de capim dourado?

Pois bem, o capim dourado não é propriamente um capim mas sim uma espécie de Sempre-viva (Comanthera nitens). Nos produtos confeccionados a partir do capim dourado utiliza-se apenas a haste (talo) da planta, descartando a flor. A haste é normalmente enrolada em espiral e a partir desta são criados diversos tipos de artesanatos.

Em Diamantina a confecção de produtos feitos de capim dourado é mais uma opção de fonte de renda para a população local (Figuras 11 e 12). 


Figura 11 - Colares feitos com capim dourado.
Foto: Patrícia Carocci.
Figura 12 - Bijuteria feito de capim dourado.
   Foto: Patrícia Carocci.
                  









Nos últimos anos atividades relacionadas à extração de Sempre-vivas (Figura 13) vem se mostrando, segundo relatos de alguns artesãos e coletores, como pouco sustentável do ponto de vista econômico, tornando-se assim, insuficiente para fixar as famílias no campo em médio e longo prazo. Esse quadro se agravou principalmente com o surgimento da então conhecida pelos comerciantes como “flor da china”, uma flor artificial similar as Sempre-vivas e com menor valor comercial, levando assim, a redução da procura no mercado pelas verdadeiras Sempre-vivas.

Figura 13 - Arranjo de Sempre-vivas.
Foto: Patrícia Carocci.

Os vídeos abaixo gravados no Mercado Velho, importante ponto turístico no centro histórico de Diamantina, mostram os relatos de comerciantes de Sempre-vivas contando um pouco mais sobre esta atividade (Vídeo 1) e como o comércio destas se iniciou na região (Vídeo 2).


Vídeo 1 - Comércio de Sempre-vivas na cidade de Diamantina/MG.


Vídeo 2 - História do Comércio de Sempre-vivas na cidade de Diamantina/MG.



Postado por: Carla Souza, Flávia Gomes, Patrícia Carocci.


Leia também:

Singelas Sempre-Vivas
http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=19

Peças de capim dourado valem mais que 'ouro' na região do Jalapão
http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2013/10/pecas-de-capim-dourado-valem-mais-que-ouro-na-regiao-do-jalapao.html

EMPRESAS EXPORTADORAS - Capim dourado faz sucesso na Argélia / Marina Sarruf
http://www.global21.com.br/noticias/29030/1/noticias

Projeto Sempre Viva
http://www.projetosempreviva.com.br/index.php

BR Artesanato, Arte e Cultura
http://www.brartesanato.com/artesao/28

Parque das sempre-vivas: expropriação territorial e violação de direitos de quilombolas e comunidades tradicionais
http://passadicovirtual.blogspot.com.br/2013/12/parque-das-sempre-vivas-expropriacao.html

UC e sua aceitação local: contradições no Parque Sempre-Vivas
http://www.oeco.org.br/convidados/27666-uc-e-sua-aceitacao-local-contradicoes-no-parque-sempre-vivas


















3 comentários:

  1. Queria muito comprar sempre vivas em quantidade como posso entrar em contato com alguém que possa me fornecer

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    1. Boa noite, tenho sempre viva para venda em bastante quantidade favor entrar em contato douglas.vieira.dtna@gmail.com

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  2. Na região onde moro tem a colheita da sempre vivas ,É tenho dificuldade para conseguir bom preço para a mercadoria .como faço para vender o meu produto por um bom preço.

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