História e Perspectivas

O extrativismo de Sempre-vivas iniciou-se quando um casal de brasileiros colheu um buquê de tais flores para enfeitar a sua casa, pois receberia um visitante estrangeiro. O visitante gostou das flores e resolveu levar um buquê para a sua esposa. Ao chegar em seu país, várias pessoas começaram a fazer encomendas, então ele resolveu ganhar dinheiro e assim várias outras pessoas começaram a fazer parte do negócio...  


Figura 1: Arranjo de Sempre-vivas.
Foto: Mariana Generoso.

Figura 2: Arranjo de Sempre-vivas.
Foto: Mariana Generoso

O município de Diamantina-MG (Figura 3), destaca-se como o centro extrativista e de comercialização das flores Sempre-vivas, onde se extrai a maior quantidade destas flores destinadas ao comércio. Nessa região diversas comunidades têm como sua principal fonte de renda a extração das Sempre-vivas.  Dentre elas encontra-se a comunidade de Galheiros-MG (Figura 4), onde há uma Associação de Artesãos, além de uma Associação Comunitária. Os artesãos são moradores da comunidade e desenvolvem atividades como a confecção de artesanatos (Figuras 1 e 2) com as plantas colhidas no campo neste local.



Figura 4: Comunidade de Galheiros.
Foto: Mariana Generoso.

Figura 3: Mercado Velho de Diamantina.
Foto: Maíra Goulart.

    Figura 5 e 6: Ranchos de Capim.
    Foto: Lúcio Bedê.
As famílias na época das colheitas vivem em ranchos de capim feitos embaixo de lapas (Figuras 5 e 6). 
O manejo da coleta das flores muitas vezes tem sido feito de maneira indiscriminada, onde plantas inteiras são arrancadas e não apenas as flores, com o intuito de se coletar em menor tempo, com menor esforço. E para se obter um maior valor econômico, as plantas as vezes são coletadas antes que as sementes amadureçam, de modo que o botão ainda esteja com a coloração branca.
A coleta desordenada tem levado a diminuição da quantidade de Sempre-vivas, fazendo com que os coletores tenham que percorrer distâncias maiores a fim de coletarem quantidades consideráveis de flores.

Os pequenos e médios coletores, reclamam de que já não conseguem mais material em grandes quantidades como antigamente."


Na visão dos coletores, as Sempre-vivas estão desaparecendo dos campos.

"Já não se vê flores como antigamente!" 
          
Os coletores preocupados com essa situação visam perspectivas a fim de preservarem essas plantas e continuarem com suas práticas de extração. Dessa forma eles pensam em dar continuidade ao cultivo e assim continuarem a coleta das Sempre-vivas.
Os coletores adquiriram com suas experiências alguns conhecimentos que propiciam o aumento da quantidade de flores a fim de beneficiarem as suas coletas. Uma prática comum é colocar fogo nos campos onde as coletas são realizadas logo após as primeiras chuvas. Além disso, eles afirmam que as flores deixadas nas plantas prejudicam as florações seguintes, ou seja, a coleta intensa em um ano estimula o surgimento de flores no ano seguinte.  A partir de tais conhecimentos foram levantadas inúmeras discussões referentes às perspectivas de uso sustentável das Sempre-vivas frente ao manejo extrativista; buscou-se verificar como as práticas do fogo e da coleta das flores afetavam as probabilidades de sobrevivência e as taxas de reprodução dessas plantas. O pesquisador Lúcio Bedê desenvolveu uma pesquisa e pode concluir que o fogo ocasiona um estresse sobre estas plantas e isso faz com que elas invistam em reprodução, ocorrendo floração intensa exatamente como relatado pelos coletores.  Outro aspecto que também pode ser evidenciado neste estudo, é que de fato, a coleta das flores resulta em uma maior produção de flores nos anos seguintes. Isso ocorre por que as plantas têm um gasto energético muito grande na produção de sementes. A coleta, no entanto, normalmente é praticada antes das sementes serem produzidas, poupando a energia das plantas que então, terão mais energia para investir na floração no ano seguinte. Este estudo demonstra que o conhecimento dos coletores é importante para direcionar pesquisas referentes aos efeitos das práticas extrativistas sobre as  populações de espécies de Sempre-vivas.






Documentário realizado na Comunidade de Galheiros no dia 10 de Dezembro de 2013, com os coletores e artesãos sobre o extrativismo de Sempre-vivas: História e Perspectivas.
   
  


Postado por: Danielle Lima, Mariana Generoso, Romária Faria e Vanuza Rodrigues.

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